domingo, 24 de julho de 2011

“Construí um corredor para Michael Jackson”


Álvaro Ramos faz 50 anos em Novembro próximo. Há quase 17, trouxe Michael Jackson a Portugal, para o único concerto que o músico norte-americano, falecido ontem, protagonizou em solo lusitano. “Era uma estrela, não ligava a ninguém. Mas, no fundo, era tudo entretenimento”.
“Sabe que o tentei trazer cá neste ano? Mas optaram por Londres, para satisfazer fãs de todo o Mundo”.
Álvaro Ramos, co-proprietário da promotora de concertos Ritmos & Blues, fica-se, portanto, pela consolação de, em 26 de Setembro de 1992, ter enrouquecido as gargantas dos milhares de adeptos portugueses que enfeitaram o Estádio de Alvalade, em Lisboa, para receber Michael Jackson, o próprio.
Que morreu ontem, em Los Angeles, Estados Unidos da América. Com uns curtos 50 anos.
“Comportou-se como uma estrela, não passava cartão aos músicos, não ligava a ninguém. Vivia num mundo diferente do das outras pessoas. Daí a sua fama de excêntrico”.As exigências para o concerto lisboeta nem sequer eram do mais sofisticado, mas o músico norte-americano não passou sem “um camarim com determinada cor, no qual os sofás e os tipos de flores” respondiam, igualmente, a um conceito muito peculiar de ordem.
Todavia, a obra magna da excentricidade seria um corredor que a Ritmos & Blues teve de construir para que “Michael Jackson não visse ninguém, nem fosse visto”.
Sem ressentimentos, contudo. Álvaro Ramos afirma que o cantor personificou um espectáculo “fenomenal”. Ao promotor, custou acreditar, “mesmo até ao fim”, que tudo estivesse a correr tão bem.
De qualquer forma, não haja ilusões por aí além. “Note que tudo isto é entretenimento. Lidamos com as estrelas e respectivas peculiaridades da maneira mais normal que conseguimos”.
Aliás, perante a eventualidade de o percurso entre 1992 e este ano poder atenuar de forma dramática a doçura do impacto de Michael Jackson no coração dos fãs portugueses, Álvaro Ramos acena com a passividade dos números – numa espécie de lição prosaica de economia: “Acha que outro concerto aqui não seria um êxito? Veja o que aconteceu com os 50 concertos de Londres…”
Em rigor, pouco mais se vai ver.

Por: EMANUEL CARNEIRO

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