terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Teatro de fantoches


31 de maio de 2011

Não vou negar que sempre vivi no mundo da Lua desde que me entendo por gente. A minha ligação com a Lua é tão forte que estou quase certa de que a minha história é semelhante a do Super Homem: eu vim de outro planeta! Mas diferentemente do Clark Kent, eu não possuo superpoderes! Não confie sua vida a mim, pois morro de medo de lagartixa e assombrações.
Na adolescência eu vivia mais a fantasia do que a realidade. Eu era totalmente ingênua e inocente, tanto que se alguém me dissesse que acabou de ver um E.T. lá na esquina, eu acreditava. Mas essa situação começou a mudar um pouco enquanto eu cursava o terceiro ano do ensino médio, pois os professores passaram a mostrar a verdade nua e crua. Aquilo tudo foi um choque pra mim: “Nossa, então quer dizer que o planeta Terra é assim? Desse jeito prefiro morar na Lua!” Porém uma hora ou outra a lei da gravidade te puxa pra baixo e coloca teus pés no chão.
A minha nave espacial aterrissou no planeta Terra quando eu conheci de verdade o Michael Jackson porque até então eu só conhecia o Michael Jackson que a mídia pintava. Eu não tinha uma idéia formada de quem era Michael Jackson, só o achava uma pessoa exótica, diferente. Se era gay? Eu não tinha certeza, pois nunca o havia visto com homens ou falando de homens. Se era doido? Eu ainda não tinha visto nenhuma loucura significativa. Apenas três coisas me instigavam nele: como ele conseguia andar pra trás, como ele ficou branco e como ele casou com a filha do Elvis? Essas eram as perguntas de uma mente pré-adolescente. Mas enquanto eu ia crescendo, não me interessei em buscar respostas a essas perguntas.
Conheci o verdadeiro Michael Jackson por acaso. Na época eu era louca pelo Jon Bon Jovi e há pouco tempo meu pai me presenteara com a internet banda larga. Comecei a baixar todos os vídeos do Bon Jovi que eu queria até que descobri que não tinha mais nada pra baixar, então pensei: “Pra quê vai servir agora a internet banda larga? O que eu vou baixar?” Então lembrei do meu videoclipe preferido de todos os tempos: o clipe do Egito do Michael Jackson. Eu me recordei que quando eu era criança eu tinha assistido o clipe no Fantástico e quando vi aquele efeito com o pó de ouro, fiquei fascinada e naquele momento eu o escolhi como o meu videoclipe preferido. Então me lembrei também que Michael Jackson era considerado o rei dos videoclipes e decidi de uma vez por todas: “Vou baixar os clipes do Michael Jackson mesmo que eu não goste das músicas dele. Vai valer a pena pela produção luxuosa e os efeitos especiais.”
Depois que baixei os videoclipes, eu já esperava ver vídeos maravilhosos, o que eu não esperava, porém, era amar as músicas que em sua maioria eu nunca ouvira ou nunca tinha prestado atenção. A partir daí, Michael Jackson se tornou o meu artista favorito, mas… ainda restava uma dúvida… ele era realmente pedófilo? Então pensei: “Ninguém conhece tão bem um artista quanto seus fãs que tudo fuçam.” Eu procurei então sites e foruns pra saciar todas as minhas dúvidas sobre o meu mais novo ídolo. E assim encontrei as respostas para todas as minhas perguntas, e mais, encontrei até o que não procurava: uma nova visão de mundo.
Conversar com fãs de Michael Jackson me fez perceber que eu estava num teatro de fantoches, sim, eu e nações inteiras estávamos envolvidos num brutal jogo de manipulação. Eu era um fantoche e acreditava em tudo o que via na TV. Eu acreditava que todo jornalista era imparcial e falava a verdade. Eu acreditava que a Rede Globo era uma respeitada emissora de TV. Em suma, eu acreditava que tudo era como parecia ser.
O mundo que até então eu conhecia era como uma peça de teatro escrita por alguma mente cheia de segundas intenções. Eu era o ator principal, porém eu não me dava conta de que não coordenava os meus movimentos, mas uma outra pessoa é que fazia de mim o que quisesse, me levava para onde quisesse… Penso que Michael muitas vezes também se sentiu fazendo papel de fantoche, até que decidiu quebrar isso de uma vez e passar a ser e agir como ele realmente era. Eu sinto uma admiração imensa por ele, pois ele não tinha vergonha de si mesmo, não tinha vergonha de dizer que amava brincar, que não gostava de drogas, de se aproveitar das mulheres…
Michael não seguiu o roteiro escrito para os grandes astros do show biz! Ele foi diferente e assumiu todas as conseqüências por ter seguido nessa direção, ele pagou o preço por não se permitir ser um fantoche. Quando você é diferente da multidão, a maior parte da multidão se une para te ridicularizar e destruir aquilo que ela pensa não ser bom em você. Michael, porém, me mostrou que existe uma forma melhor de pensar e de viver… Tirei da minha vida o Bon Jovi e todos os astros de rock depressivos e adotei a mensagem do Michael: “Espalhe amor, amizade, paz…” As coisas que Michael dizia e fazia se harmonizou com os ensinamentos da minha religião, eu me senti bem em curtir um artista que na grande maioria das vezes cantava versos que inspiravam bons sentimentos, pensamentos e sensações em mim. As músicas lentas não me pareciam melancólicas, nem me deixavam triste, era só boa música.
Apesar de ter gostado do fato da lei da gravidade ter colocado os meus pés no chão, ainda assim me reservo um tempo pra andar na Lua, caso contrário eu não estaria escrevendo textos, porém, amo saber que aprendi a aterrissar na Terra a partir do momento em que conheci o Michael e que então eu me vi participando de um teatro de fantoches. No momento em que percebi isso, rompi as linhas que me atavam ao meu manipulador e passei a enxergar o mundo com os meus próprios olhos, e no final das contas o que aprendi foi: “nem tudo o que parece, é” e “nem tudo o que é, parece”.
Postado por  Ursinha

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